A síndica do Edifício Andrea solicitou, um mês antes do desabamento, um orçamento para recuperação estrutural. Maria das Graças Rodrigues, de 53 anos, que continua desaparecida entre os escombros, havia entrado em contato com a CAC Engenharia por meio de telefone. No dia de 19 de setembro, a vistoria técnica da empresa detectou pelo menos 135 pontos com falhas estruturais na área do pilotis. O prédio desabou na manhã de terça-feira (15), deixando, até a última atualização desta reportagem, seis pessoas mortas. Outras quatro seguiam desaparecidas e sete foram resgatadas vivas.
O número foi repassado ao G1 por Alberto Cunha, engenheiro e presidente da empresa. O orçamento pedido pela síndica foi entregue no dia 30 último, mas a proposta foi recusada dois dias depois, porque uma concorrente ofereceu o serviço com menor custo.
“Quando o meu funcionário ligou, ela disse que a nossa proposta não foi aceita em assembleia, porque nosso preço tinha sido muito caro e o outro tinha sido 30% abaixo da nossa proposta, e a pessoa ainda dava a pintura do pilotis”, alega.
Durante a visita técnica, eles diagnosticaram rachaduras nos pilares, concreto soltando da armação e ferros soltos. Na casa de bomba, onde é feito o transporte da água da cisterna para a caixa, Alberto Cunha revela que o ambiente concentrava a maior parte das falhas.
“Tem uma área da casa de bomba que já estava muito crítica. As ferragens estavam todas expostas se deteriorando, combogós e pilares comprometidos”. Ainda conforme o engenheiro, Maria das Graças Rodrigues já tinha ciência dos riscos. “Ela estava se mostrando preocupada e queria resolver isso logo e que nós mandássemos orçamento o quanto antes”.
Empresa vistoriou edifício Andrea um mês antes do desabamento e encontrou pontos críticos na estrutura — Foto: Reprodução
O que se sabe até agora
- Edifício Andrea desabou às 10h28 do dia 15 de outubro
- Até a última atualização desta reportagem, havia 6 mortos, 7 resgatados com vida e 4 pessoas desaparecidas
- O prédio ficava no cruzamento na Rua Tibúrcio Cavalcante com Rua Tomás Acioli, a cerca de 3 quilômetros da Praia de Iracema, região turística da capital cearense
- A prefeitura disse que a construção do prédio foi feita de maneira irregular e ele não existia oficialmente, mas o G1 localizou o registro do imóvel em um cartório da capital: a existência do edifício é conhecida desde 1982
- Testemunhas contaram que o edifício estava em obras
- Vídeo mostra que as colunas de sustentação estavam com situação precária
- Ruas no entorno do edifício foram bloqueadas e sete imóveis próximos ao local do desabamento foram interditados
Vítimas identificadas
Operação de resgate em Fortaleza segue sem interrupções — Foto: Thiago Gadelha/SVM
O Governo do Ceará divulgou a identificação das seis pessoas mortas. Nesta quinta-feira, foram identificados e retirados os corpos de Antônio Gildasio Holanda Silveira, de 60 anos, e da filha dele, Nayara Pinho, de 31 anos.
Antônio Gildasio foi identificado pela Perícia Forense por meio da necropapiloscopia, técnica específica realizada por meio da coleta da impressão digital do corpo e o confronto da impressão digital contida em um documento da pessoa.
No fim da noite, foram reveladas as identidades de Maria da Penha Bezerril Cavalcante, de 81 anos, e de Rosane Marques de Menezes, de 56 anos, que também foram retiradas sem vida dos escombros. Rosane é mãe de Fernando Marques, de 20 anos, o primeiro sobrevivente resgatado do desastre e filha de Izaura Marques Menezes, de 81 anos, que também morreu no desastre. O pai de Rosane, Vicente de Paula Vasconcelos de Menezes, de 87 anos, segue desaparecido.
A primeira morte foi confirmada foi de Frederick Santana dos Santos, de 30 anos, entregador que estava em um mercadinho que funcionava ao lado do prédio.
Prédio foi construído no ano de 1982 — Foto: Arte G1