O ex-jogador Ronaldinho Gaúcho acena ao chegar ao Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Luque, perto de Assunção — Foto: Norberto Duarte / AFP Photo
O ex-jogador Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Assis Moreira, são investigados por uso de passaporte falso e ficaram sob custódia no hotel onde estavam hospedados em Assunção, no Paraguai, na noite desta quarta-feira (4).
O ex-ídolo da seleção brasileira de futebol está na capital paraguaia para compromissos comerciais.
A Polícia Nacional e autoridades dos ministérios do Interior e Público foram até o hotel após denúncia do Departamento de Identificações do Paraguai, que advertiu às autoridades migratórias sobre a irregularidade com os passaportes paraguaios.
Na suíte em que o ex-atleta está hospedado foram apreendidos passaportes, carteiras de identidade e os telefones celulares de Ronaldinho e do irmão. Segundo o Ministério do Interior do Paraguai, os documento estavam adulterados.
Os dois passaram a noite retidos, sob custódia, no hotel Yatch y Golf Clube. De acordo com a imprensa paraguaia, eles têm audiência nesta quinta (5) com representantes do Ministério Público local e devem prestar depoimentos. Após serem ouvidos, o MP decidirá se denuncia ou não os dois brasileiros.
De acordo com o jornal “ABC Color”, o empresário brasileiro Wilmondes Sousa Lira, suspeito de ter fornecido os documentos irregulares, foi detido. Ele passou a noite na sede de Investigação de Delitos da Polícia Nacional.
A Justiça paraguaia também investiga suposta cumplicidade dos agentes migratórios por permitirem a entrada no país do brasileiro apesar da irregularidade na documentação.
Não está claro por que o ex-jogador entrou no Paraguai com passaporte quando, entre os países do Mercosul, não é obrigatória a sua apresentação. O documento de identidade interno de cada país é suficiente para que os cidadãos circulem entre esses países.
Defesa
O advogado Sérgio Queiroz, que representa o ex-jogador no Brasil, disse ao GloboEsporte.com que "certamente trata-se de algum equívoco que será esclarecido".
Ao G1, ele afirmou que não está claro por que haveria algum problema com os documentos. “Isso me causa estranheza, porque ele tem documentação, ele tem passaporte brasileiro.”
O atleta aposentado não está preso, salientou Queiroz, mas, sim, detido para prestar esclarecimentos.
Em 2019, o ex-jogador foi nomeado embaixador do turismo brasileiro pelo governo federal mesmo tendo os passaportes brasileiro e espanhol retidos pela Justiça e sendo proibido de renovar os documentos.
Na página oficial da Embratur, o ex-jogador disse na ocasião que sua missão é "recuperar nossa imagem internacionalmente”. Ele, no entanto, não poderia viajar para países que exijam passaporte.
Problemas com passaporte após condenação
Em 2015, Ronaldinho Gaúcho e seu irmão foram condenados em um processo por dano ambiental na Justiça do Rio Grande do Sul e estariam proibidos de deixar o país ou renovar documentos até repararem os danos causados. O caso envolve a construção ilegal de um trapiche, com plataforma de pesca e atracadouro, na orla do Guaíba, em Porto Alegre, em uma área de preservação permanente e sem licenciamento ambiental.
A apreensão dos passaportes de Ronaldinho e Assis foi determinada em novembro do ano passado, como forma de obrigar a família a pagar uma indenização que passava de R$ 8,5 milhões. O valor, atualizado no ano passado, estava em R$ 9,5 milhões.
A defesa do ex-jogador recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), que, no último dia 2, manteve a decisão.
Campeão mundial e melhor do mundo
Ronaldinho Gaúcho defendeu, entre outros times, Barcelona, Milan, Paris Saint-Germain, Grêmio, Flamengo e Atlético-MG. Foi campeão mundial pela Seleção Brasileira em 2002 e eleito melhor jogador do mundo duas vezes: 2004 e 2005.