As manchas de óleo continuam chegando em Sergipe de forma constante e intensiva, no formato de pequenas ‘pelotas’, e exigem limpeza minuciosa, de acordo com informações passadas nesta quinta-feira (14), pela Frente Unificada do estado, formada pela Marinha do Brasil e órgãos ambientais.
Segundo a equipe, o monitoramento e limpeza das praias, estuários e rios do estado continua sendo realizado por 270 pessoas. Neste final de semana, o Exército Brasileiro, com o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), fará a limpeza na região de Lagoa Redonda, no município de Pirambu (SE).
Soldados do Exército fazendo a retiradas das manchas de óleo nas praias de Sergipe — Foto: Jorge Luiz/TV Sergipe/Arquivo
A equipe da Frente Unificada de Sergipe é composta pelos seguintes órgãos: Marinha do Brasil, Ibama, Adema, Defesa Civil Nacional e Estadual, ICMBio, Superintendência do Patrimônio da União (SPU), Fundação Mamíferos Aquáticos, Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Aracaju (Sema), Universidade Federal de Sergipe e Prefeitura Municipal da Barra dos Coqueiros.
Monitoramento
O peixe-boi Astro continua entre os rios Real e Piauí, e segue sendo monitorado diariamente. Em outubro, o equipamento de monitoramento do animal apresentou evidências do contato com a substância deixando a equipe em alerta.
Peixe-boi Astro — Foto: FMA/Arquivo
Orientações gerais
- Os voluntários não devem descartar o óleo recolhido em lixo comum, e sim nos locais: Ecopontos da Petrobras que ficam na praia de Atalaia, no final da Passarela do Caranguejo e, na Rodovia dos Náufragos. Posteriormente, os resíduos serão encaminhados para armazenamento temporário no Pólo de Gerenciamento de Resíduos Perigosos da Petrobras, em Carmópolis, onde aguardam a destinação final ambientalmente correta;
- O contato com a substância oleosa pode ser danoso para a saúde. O Conselho Federal de Química alerta para os riscos que esse tipo de contato pode trazer, como dermatites e intoxicações, devendo a população procurar atendimento médico em caso de reações adversas pelo contato com a substância;
- É fundamental o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como luvas impermeáveis (preferencialmente PVC), calçados fechados, máscaras e protetor solar;
- Além disso, é extremamente perigoso a reutilização do material coletado;
- Faz-se necessário cuidado extra na retirada do material, para que seja removido o mínimo possível de areia, realizando uma raspagem superficial e a remoção de areia oleada. As ferramentas mais pesadas são o último recurso usado quando o método mais simples não é capaz de remover o óleo. Após a remoção, o material é guardado em big-bags, bolsas impermeáveis, apropriadas para esse tipo de resíduo e as bolsas deverão ser encaminhadas para locais adequados, citados acima.
Mancha de óleo no município de Indiaroba (SE) — Foto: Hudson Rodrigues dos Santos
Destino do óleo
O governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD), informou na terça-feira (12), que a substância oleosa retirada do litoral sergipano será utilizada como combustível.
Situação em Sergipe
Todas as 17 praias sergipanas foram afetadas e também apresentaram reaparecimento das manchas após serem limpas. O estado decretou situação de emergência no dia 5 de outubro, reconhecida pelo governo federal. Até a semana passada, mais de 1.200 toneladas de resíduos do óleo haviam sido recolhidos.
O Departamento Estadual de Proteção e Defesa Civil da Secretaria de Estado da Inclusão Social (Depec/SEIT), encaminhou o Plano Detalhado de Resposta à Secretaria Nacional de Defesa Civil solicitando R$22 milhões para restabelecer a costa sergipana. O governo liberou R$ 2,5 mi.
Aves migratórias contaminadas com substância oleosa são encontradas no litoral de Sergipe — Foto: Governo de Sergipe/Divulgação
Na quinta-feira (7), o Governo de Sergipe informou que aves migratórias do Hemisfério Norte que utilizam a Ilha da Sogra, no município de Estância (SE), como rota para alimentação e reprodução, foram atingidas pela substância oleosa.
Análise da água em Aracaju
Professores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) realizaram, na manhã desta terça-feira (5), uma coleta de água no Rio Vaza Barris, em Aracaju. O trabalho faz parte da etapa inicial de coletas para análise da qualidade da água, dos sedimentos e da fauna dos estuários sergipanos, que foram atingidos por manchas de óleo.
Carta à sociedade
No dia 25 de outubro, em Aracaju, uma carta à sociedade brasileira relatando o impacto do derramamento de óleo no litoral nordestino. O documento foi elaborado por representantes de mais de 80 comunidades, que dependem diretamente ou não com a pesca.
Ampliação do pagamento do defeso
O presidente da República em exercício, Davi Alcolumbre, assinou um decreto da tarde da quinta-feira (24), durante visita a Aracaju, que determina ampliação do pagamento do auxílio defeso, destinado aos pescadores das localidades afetadas pelas manchas de óleo no litoral sergipano. O anúncio foi realizado durante uma reunião com o governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD), e representantes dos órgãos que atuam no combate ao avanço do óleo.