O monumento mais antigo da cidade de São Paulo, localizado no Largo da Memória, próximo à Estação Anhangabaú do Metrô e do Terminal Bandeira, sofre com a falta de cuidado e manutenção.
O local, que já foi considerado a “porta de entrada” da cidade, está com sua estrutura bastante deteriorada. Não é possível ver danos estruturais ao obelisco, mas as pichações chamam a atenção. São diversas pinturas em todo o complexo do largo: do obelisco ao pórtico de azulejos.
Complexo do Obelisco da Memória sofre com falta de zeladoria em SP — Foto: Abrahão de Oliveira/G1 SP
Em nota, a Secretaria Municipal de Cultura informou que o Obelisco e o Largo da Memória são tombados e se encontram como prioridade no Programa "Adote uma Obra Artística". São realizadas limpezas diárias no piso, escadaria e fonte.
"O obelisco necessita de limpeza complexa, por meio de equipamentos especiais, e com frequência recomendável a cada dois meses para não deteriorá-lo. Por isso, a última ação de zeladoria neste monumento foi realizada no início de agosto e a próxima está prevista para outubro", disse em nota a pasta.
Para a reativação da fonte e restauro da ladeira, a Subprefeitura Sé "elaborou um projeto de requalificação do espaço". "Os recursos já foram solicitados e a administração regional aguarda início ao procedimento licitatório que deverá durar 30 dias. Em seguida, as obras devem durar quatro meses."
A secretaria acrescenta que a Subprefeitura Sé "realiza os serviços de varrição, no entorno do monumento, oito vezes ao dia: quatro vezes no período manhã/tarde, três vezes no período tarde/noite e uma vez no período noite/madrugada. Diariamente, a administração regional também efetua serviços de lavagem. A última foi feita na quinta-feira (19)".
Pórtico com pichações no Largo da Memória — Foto: Abrahão de Oliveira/G1 SP
História
O obelisco que fica no Largo da Memória é o monumento mais antigo da cidade e preserva um espaço importante da história de São Paulo.
No início do século 19, a região onde está o largo era chamada de Rua da Palha (atual Rua 7 de Abril) e era um ponto importante de reunião dos moradores da cidade, além de ser um caminho obrigatório dos viajantes que paravam para encher seus cantis na bica d'água ali existente.
No ano de 1814, o governo contratou Daniel Pedro Müller para construir a estrada dos Piques, buscando facilitar a comunicação entre São Paulo e o interior do estado. Além dessa estrada, o engenheiro também propôs a reformulação do local, alargando as ladeiras dos Piques e da Palha e construindo um chafariz que seria finalizado com um obelisco “à memória do zelo e do bem público”.
O largo e a ladeira da Memória em 1862. — Foto: Reprodução/Prefeitura de SP
O largo, então, ficou conhecido como Largo da Memória. O obelisco, por sua vez, foi construído em pedra por Vicente Gomes Pereira. Inicialmente ele fica anexo à uma bacia de alvenaria com grades de ferro e servia como reservatório da água. O chafariz foi retirado do largo em 1872.
No ano de 1919, quando estavam sendo preparadas as comemorações do centenário da Independência, o arquiteto Victor Dubugras e o artista plástico José Wasth Rodrigues elaboraram um projeto de reforma do Largo da Memória. Nele estava previsto um novo chafariz e um pórtico com azulejos, exibindo uma cena do antigo largo.
Completavam a intervenção escadarias em pedra e azulejos decorativos com o brasão da cidade, escolhido por concurso público, vencido pela parceria Guilherme de Almeida e Wasth Rodrigues em 1917.
O largo foi protegido no começo da década de 1970 pelo município, tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) em 1975, no início da construção do Metrô Anhangabaú, e tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) em 1991.